Primeiro título de Ayrton Senna completa 20 anos

Suzuka, Japão: 30 de outubro de 1988. Há 20 anos, o mundo do automobilismo conhecia um novo campeão mundial de Fórmula 1. O brasileiro Ayrton Senna, então com 28 anos, tornava-se o terceiro piloto do país a conquistar um título na categoria. O triunfo veio após um duelo histórico com Alain Prost, seu companheiro de equipe na McLaren. Era a confirmação do talento de um gênio da velocidade.

A temporada de 1988 foi muito equilibrada, mas apenas entre os pilotos da McLaren. O MP4/4 seria eleito como um dos melhores carros da história da categoria e perdeu apenas uma corrida das 16 daquela temporada. Ayrton Senna venceu oito corridas naquele ano, enquanto Prost levou sete troféus para casa.

O único GP que terminou sem vitória da McLaren ficou com Gerhard Berger, na Itália. Na ocasião, Prost sofreu uma quebra e Senna errou ao tentar ultrapassar o retardatário Jean-Louis Schlesser, que substituía Nigel Mansell na Williams, que estava com catapora.


Boneco gigante de Lego aparece em praia britânica

Um boneco de Lego gigante apareceu misteriosamente na praia britânica de Brighton, nesta quinta-feira (3), causando espanto à população local. O brinquedo de plástico, que mede cerca de 1,8 metro, é amarelo, tem calça vermelha e blusa verde. “É muito estranho, só deus sabe como ele veio parar aqui. Alguns dizem que veio da Holanda, pois ele tem palavras escritas em holandês. Deve ter caído de um barco”, disse Gerry Turner, 34, que mora em Brighton.

Segundo a publicação “Daily Mail”, um porta-voz da cidade afirmou que a prefeitura não faz idéia da origem do Lego e que não se opõe em manter o boneco no mesmo lugar. “Será interessante ver quanto tempo ele fica lá. Vamos ficar de olho”, disse.
Essa não é a primeira vez que um boneco gigante desse tipo aparece na praia. O modelo encontrado em Zandvoort (Holanda) no ano passado tinha 2,5 metros. Na ocasião, também não souberam explicar de onde surgiu o brinquedo.

Seria uma espécie de marketing viral ?


Schincariol apresenta a Nova Schin Zero

O Grupo Schincariol aproveita seu patrocínio ao Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, que acontece em 2 de novembro no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, para apresentar ao público o mais recente produto integrado ao seu portfolio: a Nova Schin Zero. Ao contrário do uso comum da nomeclatura, relacionada à ausência de calorias presentes nas bebidas que trazem a menção estampada em suas embalagens, a cerveja adota o termo para indicar que tem 0,0% de álcool em sua fórmula, mantendo, porém, todos os outros tradicionais ingredientes: como água, malte, cereais não malteados, carboidratos, lúpulo e CO2 natural. O lançamento consegue manter o sabor e a qualidade semelhante às cervejas tradicionais, segundo a empresa, graças ao auxílio de equipamentos importados da Alemanha para seu preparo, que consegue manter suas características mesmo sem a adição de álcool.


A Young & Rubicam será a agência responsável pela elaboração da campanha que divulgará o lançamento ao público. A primeira peça a chegar à mídia será um anúncio que se inspira exatamente a proximidade do GP no Brasil, assim como na Lei Seca – fator que amplia a procura por bebidas desse nicho. Criado por Axel Levay e Rodrigo Bergel, sob direção de Tomás Lorente e Cássio Zanata, o trabalho mostra um capacete de cabeça para baixo, servindo como balde de gelo para manter latas de Nova Schin Zero e de Nova Schin Pilsen na temperatura ideal. Ao lado da imagem, foi inserido o mote: “Nova Schin. Agora com opções para dentro e fora das pistas”.

Todas as bebidas comercializadas em Interlagos são da família Schincariol – o que compreende o novo produto. A empresa reforça a apresentação do produto com ações especiais em seu hospitality center no autódromo, entre elas a presença de um casal que apadrinhará a Nova Schin Zero, de identidade ainda não revelada. Durante a transmissão da corrida pela Rede Globo, vinhetas destacarão, em rede nacional, o lançamento da nova cerveja.

Completando as ações relacionadas ao GP Brasil de Fórmula 1, a Schincariol coloca no mercado uma lata comemorativa da Nova Schin Pilsen, com motivos do evento. A Nova Schin Zero será distribuída nacionalmente em garrafas de 600ml, em long necks de 355ml e em latas de 350ml.


Plebe Rude


Para 2009, a banda está cheia de novidades. Além de novas composições, Philippe Seabra adianta que parte do repertório antigo (ainda pertencente à gravadora EMI) será regravado. “A idéia é lançar um CD por semestre durante um ano e meio”, conta o vocalista. No dia 20 de novembro, o grupo volta ao Bar Bocanegra (403 Sul), para o show Plebe Rude: In the roots, só com versões das bandas favoritas.



Garrincha: 75 anos da "Alegria do Povo"


Pouco importa que Manoel dos Santos, Mané Garrincha, jamais tenha, de fato, apelidado de “João” ao menos um dos defensores que tentavam, na maioria das vezes inutilmente, conter os seus avanços pelo flanco direito dos gramados. Na verdade, teria sido um jornalista quem criara esta estória, mais uma a dar corpo ao emaranhado de fatos e invenções que adornam o mito mané. Mas, neste caso, a questão do “disse” ou “não disse” não tem, por exemplo, a mesma relevância da polêmica em torno da mais célebre frase de Maquiavel, aquela que ele jamais disse, a saber, “que os fins justificam os meios”. Porque Maquiavel, além de não ter enunciado a frase que veio tornar-se a máxima do chamado “maquiavelismo”, também não elaborou, como se costuma supor, uma teoria política ressonante com essa máxima. Em Maquiavel, os fins não justificam os meios, e a idéia contrária só é possível graças a uma leitura equivocada dos textos do pensador. Mas, no caso do Mané, o fato dele não ter enunciado o “João” não muda em nada o fato dele ter dado vida, não a um somente, mas a centenas deles.

Para quem não viu Mané Garrincha jogar, como é, obviamente, o meu caso, é muito difícil descobrir, por trás dos discursos saudosistas e inflamados daqueles que o viram, testemunhas ainda boquiabertas, como o ex-jogador e amigo do Mané, Nilton Santos, os jornalistas e escritores Armando Nogueira, Nelson Rodrigues e Carlos Drummond de Andrade, quem foi e como era, realmente, o jogador. O que esses discursos apaixonados fazem é construir a imagem de alguém que estava mais para extraordinário que para o humano. Mané seria, assim, um desses seres sobrenaturais, fugidos do Olimpo, que de tempos em tempos o esporte traz à forma humana, tais como os futebolistas Pelé, Maradona, Cruyff, Zico, Leônidas da Silva, Puskas, Zidane, Yashin, Platini, Rogério Ceni e Beckenbauer, ou os incríveis tenista e nadador, respectivamente, Roger Federer e Michael Phelps, ou ainda, do boxe, os pugilistas Mohamed Ali e Mike Tyson, e, por fim, do basquete, o realmente fenomenal Michael Jordan. Para todos esses atletas, a conquista da vitória parece ser apenas um evento acidental e sem importância quando comparada aos seus poderes de tornar reais até mesmo as idéias mais ousadas que brotam na mente de um atleta. A eles tudo parece possível e, o que é mais assombroso, tremendamente fácil.

A idéia de que Garrincha, dentre outros gênios acima citados, não tenha sido um humano, como sugeriu, brincando, meu amigo corneteiro César, talvez seja a premissa necessária para explicar como alguém que foi tão brilhante dentro das quatro linhas pode, fora delas, definhar de maneira tão triste, vítima, sobretudo, do alcoolismo. Garrincha não cabia nos estreitos limites morais da sociedade brasileira, menos ainda, como se sabe, nos limites do seu próprio corpo. Não o julgo, apenas lamento o rumo que sua vida tomou, desembocando na doença, solidão e tristeza. No fim das contas, parece ser um erro querer dissociar o Mané jogador do Mané pai de família, boêmio e amante, do mesmo modo que é absurdo imaginar que suas pernas pudessem ser tortas dentro de campo e, fora dele, corretas. A respeito disso tudo, sábias mesmo são as palavras de Nelson Rodrigues: “um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané”.

O que havia de mais encantador no jogador Garrincha, ao menos de acordo com o que os relatos sobre ele permitem crer, era como ele, indiferente aos outros vinte e um jogadores em campo e até mesmo à lógica sem graça do perde e ganha do futebol, parecia ser o praticante solitário de uma modalidade esportiva diferente, criada por ele mesmo, a partir duma costela do futebol. É claro que a carreira futebolista de Garrincha foi repleta de vitórias. Ele, ao lado de Pelé e outros gênios do futebol, conquistou a Copa do Mundo de 1958, na Suécia, e, quatro anos depois, no Chile, com os gênios nas costas, a de 1962. Mas não foram simplesmente as medalhas e os troféus conquistados por Garrincha o que o elevaram à condição de mito, mas principalmente o drible, sua arte maior.














Armando Nogueira brinca que, “para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio”. É daí que afirmo que ele era o praticamente solitário de uma modalidade própria, que não era futebol, embora brotasse dele. Quando Mané parava em frente aos marcadores adversários e punha em marcha aquele ritual de ir mas não ir, de que importava o gol? Garrincha encarava os marcadores, dava vida a eles e, depois, num movimento rápido, mas simples, deixava-os para trás. Às vezes até mesmo empurrava a bola um pouco à frente, ameaçando entregá-la ao adversário, depois a recolhia, e partia. Armando Nogueira tem uma tese interessantíssima sobre os dribles de Garrincha, para ele, “o drible é, em essência, fingir que se vai fazer uma coisa e fazer outra; fingir, por exemplo, que se vai sair pela esquerda, e sair pela direita. Pois o Garrincha é a negação do drible. Ele pega a bola e pára; o marcador sabe que ele vai sair pela direita; o público todo sabe que ele vai sair para a direita; seu Mané mostra mais uma vez que vai sair pela direita; a essa altura, a convicção do marcador é granítica: ele vai sair pela direita; Garrincha parte e sai pela direita. Um murmúrio de espanto percorre o estádio: o esperado aconteceu, o antônimo do drible aconteceu”.


Igual a Garrincha, em relação ao estilo de drible, jamais houve. Mas, a fim de esclarecer a diferença entre ele e os outros, cabe trazer à memória dois lances, ambos protagonizados por craques brasileiros. Romário, jogando pelo Flamengo, em 1999, pela Copa Rio São Paulo, pára com a bola nos pés já dentro da grande área; em frente a ele, a poucos centímetros, Amaral, o infeliz marcador; com um rápido elástico, num dos dribles mais incríveis que já vi, Romário deixa para trás o marcador corintiano atordoado e, com um leve toque do bico da chuteira, já quase sem ângulo, marca um gol simplesmente fantástico. Aí a torcida adversária teve que aplaudir. Amaral, tendo certamente comprometido a coluna, saiu do Corinthians pouco tempo depois.

O outro lance é protagonizado por Robinho, jogando pelo Santos, no final do Campeonato Brasileiro de 2002, contra o Corinthians. Com uma coragem e ousadia raras, sintomas de molecagem, ele avançou em direção ao marcador, o lateral direito Rogério, com as pedaladas que tornaram, definitivamente, a “pedalada” sua marca registrada. Atordoado com a ousadia do moleque franzino, Rogério foi recuando, recuando, recuando, entrou na área e, já fora de si, cometeu o pênalti. A essência desses lances, tão fortemente marcados por um estilo mané, pode ser explicada citando-se Drummond: “se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios”.

Jogadas como as que o Mané fazia tão facilmente, bastando para tanto, que quisesse - e cujo estilo alguns raros jogadores foram capazes de imitar, como fizeram Rivelino e Romário, e fazem Robinho e Cristiano Ronaldo - produzem duas reações: alegria, dada a graça do drible, e pena, do “João”.

Quando fumar fazia bem à saúde

O cigarro que emagrece, faz bem para os dentes e acalma os nervos está em exposição na Biblioteca Pública de Nova York. Uma série de propagandas antigas de cigarro mostra os esforços usados pela indústria tabagista para exaltar supostos benefícios do fumo

Andres Vera

“Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro”. A frase, que hoje faria tremer qualquer associação de medicina, está estampada num anúncio de cigarro da marca Camel criado em 1946. Houve um tempo em que o hábito de fumar, além de elegante, fazia bem à saúde. Essa era a pretensão de uma poderosa indústria tabagista que, em busca de consumidores, recrutou médicos, dentistas e até bebês a seu favor. “Puxa, mamãe, você realmente gosta dos seus Marlboros”, diz outro anúncio polêmico que estampa a foto de uma criança. Essas propagandas, criadas entre os anos 1927 e 1954, fazem parte de uma exposição organizada pela Biblioteca Pública de Nova York. Os anúncios, que circulavam em revistas como Life e Saturday Evening Post, são coloridos e criativos. A exposição ainda recorre a celebridades que emprestaram rosto e pulmões à indústria tabagista. O ator Ronald Reagan, o esportista Joe DiMaggio e até Papai Noel aparecem de cigarro em mãos. As propagandas também poderiam ilustrar uma recente e polêmica descoberta de pesquisadores da Universidade da Califórnia e da Universidade Stanford. Em setembro, eles revelaram documentos secretos que mostram o verdadeiro tamanho dos interesses da indústria tabagista. Artistas como John Wayne, Henry Fonda e Bette Davis receberam milhares de dólares para promover marcas de cigarro durante a era dourada do cinema americano, nas décadas de 30 e 40. Só a empresa American Tobacco pagou o equivalente atual a US$ 3,2 milhões para ver a marca Lucky Strike nas telas de Hollywood. Entre os artistas mais bem pagos estavam Clark Gable, Gary Cooper e Joan Crawford. Cada um recebeu US$ 10 mil, o equivalente a US$ 100 mil atuais. A indústria tabagista não imaginava que acender um cigarro e sorrir como Clark Gable custaria um preço ainda maior à saúde das gerações que compraram a propaganda de Hollywood. Se o médico que defendeu as maravilhas de Camel não fosse apenas um figurante de publicidade, nenhuma tosse disfarçaria o constrangimento.

"Mais médicos fumam Camel do que qualquer outro cigarro"
A marca Camel distribuiu maços de cigarro na entrada de convenções médicas no ano de 1946. Ao final do evento, um grupo de pesquisadores perguntava qual marca de cigarro os médicos levavam no bolso. A resposta não podia ser outra: eram os mesmos maços recebidos antes. A "estatística" virou anúncio.


"Como seu dentista, eu recomendo Viceroys"
Enquanto as causas de câncer bucal eram lentamente associadas ao fumo, o cigarro Viceroys exibia dentistas defendendo a marca. De acordo com estatísticas da empresa, mais de 38 mil dentistas aprovavam Viceroys.

"Puxa, mamãe, você realmente gosta dos seus Marlboros"
O uso de crianças na propaganda atingia principalmente o público feminino, e fazia parte dos esforços da indústria tabagista para ampliar a base de consumidores. Segundo a peça publicitária, o milagre dos cigarros Marlboro era não "empapuçar" seus usuários.

"Encare os fatos! Quando a tentação da comida for demais, acenda um Lucky"
O cigarro Lucky Strike criou uma série de propagandas com esportistas saudáveis superando uma espécie de sombra em má forma física. Corredores, tenistas e nadadores vendiam o estilo de vida da marca, que fazia questão de alertar em letras miúdas que seus cigarros não reduziam a gordura.

"20.679 médicos dizem que Lucky Strike irrita menos a garganta"
O cigarro Lucky Strike se dizia capaz de proteger a garganta, e também buscou o apoio de pesquisas médicas. De acordo com a publicidade da marca, datada de 1930, mais de 20 mil médicos aprovavam Lucky Strike como sendo "o menos irritante” do mercado.

"Mais cientistas e educadores fumam Kent com o novo filtro Micronite do que qualquer outro cigarro"
O filtro do cigarro surgiu como um diferencial que impulsionou as vendas de marcas como Kent e Viceroys. No entanto, o filtro propagandeado pela Kent como solução protetora continha amianto, uma fibra mineral altamente cancerígena quando aspirada. Apenas 2% dos cigarros continham filtro na década de 50. Com o sucesso da suposta proteção, os cigarros com filtro passaram a ter 50% do mercado.


"Proteja-se contra a garganta arranhada. Curta o fumar suave"
A indústria tabagista não hesitou em usar Papai Noel como garoto propaganda de cigarro, cigarrilhas e charutos. O bom velhinho apareceu em inúmeras peças publicitárias da marca Pall Mall nos anos 1950, exalando tanta fumaça quanto uma chaminé. Mas, ao contrário dos atletas saudáveis de Lucky Strike, Noel continuou gordinho

"A ciência descobriu - você pode comprovar. Chesterfield não deixa gosto ruim"
Chesterfield explorou a credibilidade da ciência a ponto de criar ficção científica. De acordo com o estudo de 1951, feito por uma organização de pesquisa “bem conhecida”, o cigarro da marca era o único capaz de enfrentar o microscópio e provar que não deixava gosto ruim na boca - desde que o cientista não deixasse cair cinzas no que estava observando."A ciência descobriu - você pode comprovar. Chesterfield não deixa gosto ruim"

_______________________________________________________
O cigarro que emagrece, faz bem para os dentes e acalma os nervos está em exposição na Biblioteca Pública de Nova York. Uma série de propagandas antigas de cigarro mostra os esforços usados pela indústria tabagista para exaltar supostos benefícios do fumo.



Fonte: Revista Época

Guia para votar corretamente

Artigo publicado essa semana em um jornal do Estado de Goiás

Por Pablo Kossa

Vá com o coração cheio de fúria, ódio e violência

Para manter a tradição, republico esse artigo agora, na semana da eleição. É para tentar conscientizar você a não insistir com burradas na hora do voto...

Vá dormir às duas da manhã. Bêbado como nunca esteve na vida. Antes, coloque o alarme do celular para às 5h30. Na hora em que ele disparar, levante da cama, vá ao banheiro e olhe para o vaso: entupido com papel higiênico que você mesmo jogou. Entre no box, regule o chuveiro na posição verão e deixe a água geladíssima molhar todo seu corpo de uma vez só. Não se enxugue. Morrendo de frio, coloque uma bermuda, saia de casa sem camiseta e dê uma morosa volta pelo bairro. Volte para casa somente quando estiver tremendo de frio. Abra a geladeira, sinta o bafo gelado do eletrodoméstico e tenha outro calafrio. O motivo de abrir a geladeira é simples, só para conferir o que você já sabia: não tem nada para comer. É claro que não tem. Você não fez o supermercado.

Deite no sofá e fique trocando de canal até às oito da manhã. A cabeça dói e você sabe o porquê: ressaca. Na TV, nenhum canal lhe chama a atenção. Se começar a achar legal qualquer coisa, fique esperto, troque rapidamente de emissora e não pare novamente neste número. Deixe o controle remoto intacto por meia hora no pior programa que encontrar, seja ele culto evangélico, vendas de utensílios inúteis, clipes do CPM 22 ou até mesmo entrevista com algum deputado.

Fique sem comer nada pela manhã e vá até o caixa eletrônico mais próximo. Tire seu extrato e veja o quanto está devendo. Aproveite e pegue a fatura do cartão de crédito. Passe mais raiva. Na hora do almoço, dê uma passeada pela frente de três churrascarias de primeira, três casas de massa fantásticas e três botecos de espetinho na calçada. Passe no supermercado e compre um miojo. Vá para casa. Na hora de preparar o macarrão instantâneo, deixe-o queimar. Quando estiver grudado na panela, raspe tudo e coma. Não beba nada enquanto estiver comendo. Sinta todo gosto e lembre-se da picanha, da pizza e do espetinho de provolone que poderia estar degustando.

Já de tarde, ligue para todas as ex-namoradas que tiver contato. Pegue notícias de todas e pergunte sobre novos relacionamentos. Todos, naturalmente, são melhores que você. Tente recapitular com ela os motivos da separação. No meio do papo, afirme que você sempre soube que ela o chifrava. Se ela confirmar e pedir desculpa, diga que você sempre fez o mesmo com ela. E o que é pior, com a melhor amiga dela. Se ela tiver irmã, pode citá-la como partícipe da traição. A mulher vai lhe xingar até perder a voz. Se ela negar tudo o que você cogitou sobre chifres e dizer que tudo aquilo é absurdo, conte a mesma história sobre o que você teria feito com ela e diga que a traiu sem dó. Ainda mais sabendo que ela era fiel. As conseqüências serão drásticas.

Depois disso tudo, pegue seu título de eleitor e vá para sua seção eleitoral. Com tanto sofrimento e ódio acumulado em um dia só, não é possível que você vai insistir e votar novamente nessa corja que sempre votou em toda vida. Se bem que acho que você vai votar de novo sim, afinal de contas, existe gente que sente prazer no sofrimento. E não sei citar sofrimento maior do que quatro anos com político incompetente em cargo público.

Pablo Kossa é jornalista pablokossa@bol.com.br




Música para votar - Plebe Rude - Vote em Branco


Não foi a primeira vez que os americanos quebraram o Mundo

Em 1929, nas vagas da vida fácil e sedutora na capital das artes e das letras, 40 mil americanos estavam vivendo em Paris, aplicando na Bolsa e vivendo como ricos. Um bistrô da Rue de Rennes anunciava um "menu fixo" a 75 cêntimos de dólar e o franco caía ao seu patamar mais baixo: 25,5 francos por dólar.

O milionário Harry Crosby vivia de rendas, com sua mulher Caresse, gastando à "tripa forra". Seu motorista também tinha ações da Exxon e todos viviam a roda da felicidade. Hemingway mudou-se do "Flore", vizinho do "Deux Magots", porque a tietagem começava a "aglomerar". Foi reinar no "Closerie de Lilás", com direito ao garçon Jean, exclusivo de sua mesa. Incomodado com as levas de transatlânticos lotados de americanos, que continuavam a desembarcar na riviera, Scott Fitzgerald escreveu: - A cada nova horda de americanos vomitada pela maré, a qualidade cai.

Nos Estados Unidos, a Bolsa vivia o que Alan Greenspan diagnosticaria, quase 80 anos depois: a "exuberância irracional". Barbeiros e engraxates ouviam de seus clientes as últimas novidades em "papéis" de Wall Street, enquanto os motoristas de táxi espalhavam a última palavra sobre as ações mais quentes: ATT, U.S. Steel e Montgomery Ward, subindo sempre. Todo mundo pegava um "Vale" sobre o salário do mês seguinte para aplicar no negócio certo do dia.

Tal como hoje, o Fed - Banco Central dos EUA - pressionou a rede bancária para "restringir o crédito" aos corretores e desestimular os "empréstimos especulativos". A advertência foi solenemente ignorada.

A terça-feira negra, 22 de outubro de 1929, levou Harry Crosby e o poeta Hart Crane ao suicídio, como tantos milhares de beneficiários da roleta.

A "exuberância" continuou, como sabemos. Bancos financiaram corretores e fundos imobiliários, e todos seduziram compradores de casas e imóveis de luxo, sem a contra-garantia de que podiam pagar. Esses papéis foram negociados nos empréstimos interbancários e demais "derivativos", a juros sempre crescentes, por conta do alto risco.

Até que tudo explodiu. O americano comum vive endividado até o pescoço. Famílias se habituaram a ter "22 cartões de crédito", cujo pagamento mensal obedecia a um "rodízio", como numa churrascaria financeira.

O país tem a descoberto um déficit público superior a um trilhão de dólares. Tradução: "façam o que eu digo (superávit primário) , mas não o que eu faço (déficit crônico).

Que dizer: os americanos se acostumaram a comprar sem dinheiro... E estão nos convocando para pagar mais essa conta.

...............................................

Portal da Propaganda

Globoesporte.com

Folha Online - Ilustrada