'Bispo' explora a tragédia

Tão impressionante quanto o crescimento e enriquecimento das chamadas igrejas pentecostais é a capacidade que elas têm de tirar o melhor proveito pecuniário das piores situações. Quando, em 2007, foi preso no aeroporto de Miami, nos Estados Unidos, ao tentar entrar no país com US$ 56.427 escondidos numa Bíblia, em CDs gospel e em duas bolsas, embora tivesse declarado não portar mais do que US$ 10 mil cada um, o casal de bispos Estevam e Sonia Hernandes, proprietários da Igreja Renascer em Cristo, não perdeu a condição de conduzir e influenciar seus fiéis. Ao contrário, exercendo com maestria o papel de vítimas - do maléfico Satanás - o casal tem aparecido e comovido muito seus adeptos nos telões, via satélite.

Agora, usando de empréstimo o templo suntuoso para 5 mil pessoas da igreja evangélica Assembleia de Deus, no Brás, o casal de bispos diretamente de Miami - já que lá continuam cumprindo prisão domiciliar por conspiração e lavagem de dinheiro - reuniu 2 mil pessoas para um ato religioso, em homenagem às vítimas do desabamento do teto de sua sede mundial no Cambuci - pelo qual, ao que tudo indica, foram responsáveis diretos. Mas longe de fixar-se na dor da tragédia, o encontro transformou-se numa bem-sucedida promoção visando à arrecadação extra de recursos dos fiéis, destinada à reconstrução do templo e, se houver sobra, ao próprio enriquecimento.

“A imprensa que está aqui vai dizer que nós estamos pedindo uma doação especial. E estamos mesmo. Não é para mim, nem para a bispa, é para a glória de Deus” - disse Estevam Hernandes, concitando a todos : “Venham aqui, à frente do palco, apresentar as suas doações. Porque a quem dá, Deus não permite que falte nada.” Imediatamente, o palco se encheu de doadores brandindo os seus envelopes cheios de dinheiro. A tragédia propiciara uma exploração reforçada. Mas o fato de enxergar o “lado bom” do infortúnio - até para estimular o espírito de reconstrução ou de renascimento - já fora mostrado pelo bispo, ao referir-se ao que lhe tinham dito algumas vítimas, por coincidência poucos dias antes das trágicas mortes - que ele “sentiu como se tivesse perdido nove filhos”. Uma delas, Maria de Lourdes da Silva (67 anos), lhe dissera que queria morrer na igreja, porque “aqui, entre os mortais, há muito trabalho a ser feito, mas o melhor mesmo é estar perto de Cristo”. E outra, Luiza da Silva (62 anos), que queria deixar todos os seus bens para a Renascer...

A capacidade de extrair alegrias e riquezas da dor, demonstrada pelo bispo Hernandes, não ficou nisso. Para cumprir seu objetivo de “renascer das cinzas” e “esmagar com nossos pés sangrando a cabeça do gigante Satanás que fez aquele teto da Lins de Vasconcelos desabar”, o bispo anunciou uma produtiva programação de cinco cultos para domingo - às 8, 10, 15, 17 e 19 horas - que serão transmitidos via satélite de Miami, assim como uma marcha na qual “se tiver trio elétrico, melhor”...

Reportagem do Estado de quinta-feira dá conta do grau de receptividade dos fiéis da Renascer ao trabalho de arrecadação extra de seus dirigentes. “Doarei o dinheiro porque o templo não é do homem. Ele é do Senhor”, disse uma dona de casa. Assim como ela, muitos outros seguidores da Renascer estão dispostos a atender ao que é solicitado no site da igreja na internet, com a indicação da conta bancária em que devem ser feitos os depósitos em favor desta. Certamente nesse ímpeto doador, que mobiliza até pessoas muito humildes, que pouco ou quase nada têm para doar, juntam-se três traços característicos do povo brasileiro, a saber, religiosidade, generosidade e ingenuidade.

O bispo renascentista confia tanto nessa ingenuidade que não hesitou em dizer aos seus fiéis contribuintes - sem enrubescer - que se pudesse “escolher o local para morrer, escolheria o altar dentro da igreja”. “Essas vidas” acrescentou, referindo-se às extintas no desabamento, “estavam preparadas para a eternidade.” “Deus levou aqueles que Ele desejava.”

Nada disso motivará a bancada de vereadores evangélicos a exigir providências contra o descuido irresponsável na instalação dessas casas religiosas. Mas a administração municipal, o Ministério Público e a imprensa não podem se furtar a essa cobrança. Esperemos, então, que façam sua parte.

Joe Strummer homenageado em Londres

Dia 22 de dezembro de 2008, completaram-se seis anos desde que Joe Strummer, do The Clash, faleceu na sua casa em Somerset. Para lembrar a data no dia 21 de dezembro de 2008 no Tabernacle em Londres, aconteceu uma festa de homenagem cujas receitas foram entregues à Joe Strummer New Music Foundation, mais conhecida como Fundação Strummerville.
A Strummerville Christmas Benefit Gig leva ao espaço da capital britânica, nomes da cena underground londrina tais como The Rotten Hill Gang, The Riff-Raff, Dan Smith, The Savage Nomads, Jaguar Skills e Oscar the Punk.
A Strummerville Foundation foi criada em 2002 pela viúva do músico, Lucinda, com o objetivo de criar o espaço e tempo de estúdio para artistas individuais, bandas e organizações e propiciar a produção de nova música por gente jovem e criativa. Uma das suas ações mais visíveis é o palco Strummerville Bandstand no Festival de Glastonbury, espaço aberto por onde passam novos valores e artistas já consagrados todos os anos.

Confira no vídeo uma das grandes performances de Joe Strummer frente ao The Clash

A farsa dos cigarros light

Em julgamento que poderá abrir caminho para enormes processos contra companhias de tabaco, a mais alta corte dos EUA pronunciou, na segunda-feira, que fumantes podem processar fabricantes de cigarros pelo marketing enganoso dos cigarros "light". O caso envolve três residentes de Maine que fumaram Marlboro Light, fabricado pela Altria, e Cambridge Light durante 15 anos. Os fumantes argumentaram que, pelas leis estaduais, tinham o direito de processar empresas que estimulam fumantes a acreditar que cigarros light ou com baixas taxas de alcatrão são mais saudáveis. A empresa Altria contrapôs que o processo deveria ser anulado pelas leis federais que sobrepõem as estaduais, e que o caso interferia com a autoridade regulamentar da Comissão Federal do Comércio dos EUA. A empresa culpou também a FTC por não agir apesar de saber que cigarros light são tão prejudiciais à saúde quanto os regulares. Mas a Suprema Corte, em decisão apertada de 5 contra 4 votos, acolheu o julgamento anterior da Corte do Primeiro Circuito, que tinha considerado como a principal questão jurídica do processo o dever, incorporado nas leis de Maine, de não enganar consumidores que compram cigarros light. Advogado dos fumantes, Gerard Mantese saudou a decisão de segunda-feira, dizendo que agora o processo iria adiante na Corte do Distrito, em Maine. "Estamos contentes que a Suprema Corte dos EUA concordou que companhias de tabaco não estão imunes a processos e podem ser responsabilizadas, como todos os outros, por fraude contra o consumidor", afirmou em comunicado. A decisão da Suprema Corte não garante que os três residentes de Maine prevalecerão nas causas, mas simplesmente permite que o processo prossiga em cortes federais. Se os residentes de Maine vencerem, Altria e outros fabricantes de cigarros poderão se ver obrigados a pagar grandes quantias de dinheiro aos fumantes e ex-fumantes.

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