O milionário Harry Crosby vivia de rendas, com sua mulher Caresse, gastando à "tripa forra". Seu motorista também tinha ações da Exxon e todos viviam a roda da felicidade. Hemingway mudou-se do "Flore", vizinho do "Deux Magots", porque a tietagem começava a "aglomerar". Foi reinar no "Closerie de Lilás", com direito ao garçon Jean, exclusivo de sua mesa. Incomodado com as levas de transatlânticos lotados de americanos, que continuavam a desembarcar na riviera, Scott Fitzgerald escreveu: - A cada nova horda de americanos vomitada pela maré, a qualidade cai.
Tal como hoje, o Fed - Banco Central dos EUA - pressionou a rede bancária para "restringir o crédito" aos corretores e desestimular os "empréstimos especulativos". A advertência foi solenemente ignorada.
A terça-feira negra, 22 de outubro de 1929, levou Harry Crosby e o poeta Hart Crane ao suicídio, como tantos milhares de beneficiários da roleta.
A "exuberância" continuou, como sabemos. Bancos financiaram corretores e fundos imobiliários, e todos seduziram compradores de casas e imóveis de luxo, sem a contra-garantia de que podiam pagar. Esses papéis foram negociados nos empréstimos interbancários e demais "derivativos", a juros sempre crescentes, por conta do alto risco.
Até que tudo explodiu. O americano comum vive endividado até o pescoço. Famílias se habituaram a ter "22 cartões de crédito", cujo pagamento mensal obedecia a um "rodízio", como numa churrascaria financeira.
O país tem a descoberto um déficit público superior a um trilhão de dólares. Tradução: "façam o que eu digo (superávit primário) , mas não o que eu faço (déficit crônico).
Que dizer: os americanos se acostumaram a comprar sem dinheiro... E estão nos convocando para pagar mais essa conta.
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