No mesmo dia em que escolheram o novo líder da nação, os americanos foram às urnas para responder a diferentes questões em cada estado. O sistema norte-americano permite às legislaturas estaduais ou aos cidadãos, por meio da coleta de assinaturas, submeter propostas sobre temas diversos na cédula eleitoral. Na terça-feira, os eleitores receberam 153 consultas em 36 estados.
Na Califórnia, Colorado e Dakota do Sul, os plebiscitos decidiram sobre o direito ao aborto. No Colorado, 73% dos eleitores rejeitaram uma proposta que pretendia estabelecer que a vida humana começa no momento da concepção, e 55% dos cidadãos de Dakota do Sul rejeitaram imposições que limitam o aborto. Na Califórnia, 52% votaram contra uma restrição semelhante.
Califórnia, Arizona e Flórida fizeram consultas sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Na Califórnia, 52% dos eleitores respaldaram a Proposição 8, que proíbe o casamento no estado. Os eleitores do Arizona e Flórida também se pronunciaram contra esse tipo de união. No total, 52% dos eleitores no Arizona e 62% dos da Flórida rejeitaram o casamento entre homossexuais.
Se na terça-feira a mineira Soraya Bittencourt, de 48 anos, tinha “orgulho enorme” da cidadania norte-americana, ontem o sentimento era outro. “Fico triste por saber que a nossa luta ainda vai levar muitos e muitos anos”, afirmou ao Correio a lésbica que mora em Redwood City (Califórnia) e casou-se com a carioca Lucila de Oliveira, 48, em agosto passado. “O pessoal que colocou a Proposição 8 nas urnas fez uso de táticas inimagináveis para mudar os votos. Eles ligaram para as pessoas e diziam que, se a proposta fosse reprovada, as crianças aprenderiam sobre homossexualismo no primeiro grau escolar — o que consideraram um absurdo”, denunciou.
Reconhecimento
Soraya acredita que o casamento gay é “o reconhecimento de um direito legal, a segurança de que minha família seria tratada como qualquer outra”. Após perderem nas urnas, os ativistas gays pretendem desafiar a Proposição 8 na Suprema Corte de Justiça. Advogados de casais homossexuais tentarão argumentar que a medida é uma revisão constitucional ilegal.
“Esse é o tipo de comportamento que nos fez buscar essa posição”, declarou Frank Schubert, co-responsável pela Proposição 8. “As pessoas votaram em 2000 em peso a favor do casamento tradicional e são obrigadas a dizer de novo que defendem a união tradicional, e isso ainda assim não é aceito pelos gays ativistas”, atacou. No Arizona, 59% dos eleitores vetaram uma medida que aumentaria as multas às empresas que contratassem imigrantes ilegais. Em Michigan, a legalização do uso da maconha para fins medicinais foi aprovada por 63% dos eleitores.
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